Dados pós-pandemia são alarmantes no mundo inteiro. Mas é preciso atentar-se ao caso de São Paulo, onde há jornadas extensivas, salários reduzidos, além de falta de condições mínimas e de apoio institucional – e a privatização via OSSs contribuiu com a desestabilização.
OutraSaúde
Publicado 10/09/2024 às 12:30
Hoje, dia 10 de setembro, é Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Segundo a pesquisa “COVID-19 Health care wOrkErs Study (HEROES)”, divulgada em 2022, até 15% dos profissionais da saúde ouvidos pelo estudo pensaram em cometer suicídio. De acordo com o levantamento, trabalhadores e trabalhadoras de 11 países latino-americanos apresentavam altas taxas de sintomas depressivos e sofrimento psíquico.
A análise realizada pelas universidades do Chile e da Columbia (nos Estados Unidos), com a colaboração da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), indicou a necessidade de modificar o ambiente laboral e garantir condições de trabalho adequadas. Medidas que incluíam a orientação de remuneração digna, condições contratuais estáveis e criar espaços onde as equipes possam conversar, desabafar e praticar o autocuidado.
Todos esses fatores, porém, estão muito longe das práticas aplicadas pelo governo de São Paulo para a área de saúde. No segmento, a realidade é de duplas jornadas por conta dos baixos salários que obrigam a ter um segundo emprego, falta de condições mínimas de trabalho, como materiais e insumos básicos, além de um número inadequado para atendimento à população.
Hospitais sem estrutura física mínima, com problemas que colocam profissionais em risco, sem segurança e onde, muitas vezes, impera o assédio moral, ajudam a explicar esse cenário alarmante.
Para piorar, a política de entrega das unidades hospitalares por meio das privatizações amplia a insegurança, já que os profissionais presentes nos locais transferidos à iniciativa privada convivem com constantes incertezas. Sem saber se continuarão onde construíram uma história e laços com a população.
A situação crítica não se resume a uma profissão. Em 2022, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) também publicou um estudo para caracterizar a situação de mais de 2 milhões de trabalhadores de nível técnico e auxiliar, que atuavam na assistência, no cuidado e no enfrentamento à pandemia de covid-19 no Brasil. Segundo a pesquisa, 80% desse grupo vive desgastado profissionalmente com estresse psicológico, ansiedade e esgotamento mental. Além disso, 70% citaram falta de apoio institucional.
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